domingo, novembro 25, 2007

Under Control


Bazófias Absortas

Quem sabe se eu fosse diferente, num instante loira, Francisca, Cisca de diamante falso sem taco de golf. Quem sabe se eu gostasse de croché, num momento pudica estrangulada sem blusa de renda. Quem sabe se eu mudasse para puta, num ápice elegante sem neons de Chicago. Inválidos são os tratos por “você”, a literatura entediante peruana, uma aristocracia vagabunda, a inútil preocupação. Estranha malformação consciente daquele que me faz passar por mulherzinha malvada, grave é o insulto à minha apatia. O movimento não é inequívoco, é uma queda na sandice, a exuberância de plástico dos quarenta, uma idiotice.
O aviso presenteia-se para não mais atentados à indisponibilidade, não me façam de asinina, se quero fins de tarde gin com piano.

Gorgeous Melancholy

Morningrise - Slowdive

sábado, novembro 24, 2007

Rota Pardacenta


Não há facas para afiar nem tesouras, enganados são os dias pela noite, sisudos são os arredores de uma cidade erosiva. O amolador não passou, a chuva não voltou.
(Joseph Plaskett Painting)

quarta-feira, novembro 07, 2007

Glamour Espresso

Entre retalhos de exuberância, o glamour é uma ordem, as figurações revelam-se em art nouveau. Lavazza, a marca italiana conceituada de cafés traz-nos à ribalta o seu novo calendário para 2008 com o saboroso tema The Most Majestic Espresso Experience. A 16ª edição do calendário Lavazza é marcada pela opulência do excelente trabalho do fotógrafo escocês Finlay MacKay e, um dos modelos exibidos é desenhado pela estilista britânica Viviane Westwood. As fotos sumptuosas traçam rumos até ao imaginário da aristocracia francesa do século XVIII, de domínios paradisíacos, cortes imperiais chinesas e tempos cavalheiresco-medieval, onde as mulheres são rainhas soberanas, num mundo encantado e de charme, de tecidos caros como a seda, de veludos, jóias da joalharia Damiani, animais em liberdade e um total cenário luxuoso, requintado, de rasgos surrealistas, sensual e ao mesmo tempo delicado, de cores exactas e de total sofisticação. Como apreciadora de café e de tudo o que envolva o ritual do café, é com os mesmos olhos que vejo a elegância e a sensualidade que estes momentos podem ter numa preciosa harmonia com o cheiro, sabor e textura.
Para saber e ver mais: aqui.

Vozes Subterrâneas

De aparência cansada, de rugas que se alastram, de mãos reveladas a negro num corpo pesado pela ruína, trajado a camisa de flanela, solitário, critico político ao abrigo de uma voz tremida que canta um fado desgarrado que relembra amores, de como ficamos desorganizados, como nos libertamos do escuro, num quadro sem dia e sem noite. O homem sente sob os olhos dos inquisidores desacertados. Pele café, pele gretada, um andar desajeitado que rompe os passos exactos e seguros dos outros, promessas de verões e a densidade de uma voz que se alastra pelos corredores, um eco de alma em tafetá, um fado sem público que mais parece espantar as agruras de uma vida que não se adivinha fácil. A mulher sente sob os olhos dos ortodoxos conspurcados. Dizem que são os loucos da linha azul do metro.

terça-feira, novembro 06, 2007

O Humanista do Douro



A noite e o Teatro São Luiz lotado de figuras aguardavam pela homenagem, reconhecimento ou conhecimento do psiquiatra, ilustre psicanalista português, o maior entusiasta da depressão. O evento foi marcado pelo documentário alusivo ao lançamento da biografia Percursos com António Coimbra de Matos de Ricardo Fernandes e Inês Moura Gonçalves, editada pela Climepsi, que retrata as origens, a vida, a pessoa e o homem humanista que é Coimbra de Matos. Os momentos registaram-se reflexivos, audazes, cómicos, vernáculos, próprios de quem consegue sentir as pessoas em relação psicoterapeuta, aquele que “egoistamente, tornei-me relacional”. Um dos episódios auge da noite ficou a cargo do relato de Coimbra de Matos, no documentário, acerca de um paciente comunista acérrimo, de fortes convicções e aspirações de esquerda que, nas várias sessões de psicanálise, contava sempre a sua perturbação relativa ao pénis erecto com inclinação para a direita entre 5 a 10 graus, Coimbra de Matos, farto da mesma história, respondeu que o homem tinha toda a razão, um comunista, um homem de esquerda, cheio de convicções, de ideais teve logo que calhar com um caralho fascista.

segunda-feira, novembro 05, 2007

A Insustentável Leveza dos Insonsos…


Será natural que me peçam para desenhar a estrada da minha vida? Séquito extraordinário é este sobre como travar conhecimento e quebrar o gelo num ambiente de indivíduos insondados? Em condicionalismo antropológico, recuamos a tempos ancestrais, onde indígenas celebravam a vida através da dança e do jogo enquadrada num estado cooperativo. O estado cooperativo é um apelo directo à interacção, actualmente é um convite a figuras de montra, de significado comum e desamparado pela facticiedade. A superficialidade de desenhar numa folha de papel a nossa estrada poderá parecer um momento divertido ou insignificante. Porém, o sentido mais dramático, é de nos evidenciarmos como sugestivos, criativos, dinâmicos e repletos de frases feitas como “quero ser feliz”, qual concurso Miss Venezuela! Há que escarrapachar as vivências boas ou más, os desejos, os sonhos e os planos que são metamorfoseados em traços horizontais, verticais, perpendiculares, e rotundas sob o olhar psicanalítico dissimulado e comparativo.
No final, a missão é encaixar todas as estradas dos elementos no chão para surgir a estrada global, para conhecermos o outro e, sentirmo-nos integrados num grupo de gente que nunca cheiramos e vimos. Contudo, em nefasta invenção a única a desenhar uma estrada dúbia fui eu, criatura limitada. Porque não uma estrada em espiral? Trinta e tal pessoas optaram por estradas padrão, dotadas de formatação normal, inclusive com semáforos, sinaléticas, sóis, árvores, flores e prédios e, quem sabe, o rasto de poeira e partículas de monóxido de carbono. Havia jurado ser mais sensata e não cair nas garras da distopia, estimar a superfície das coisas, mesmo estando perante a minha estrada desoladora, aparentemente inútil, que não se entalhava em lado nenhum ou em porra nenhuma! Criatura desordenada? Pseudocriativa? Naïve? Caprichosa? Esquizitóide com tendências esquizóides? Desrespeitadora dos contextos? Nevrótica el quiebra ley?
Nestes jogos quebra-gelo o desenvolvimento do potencial humano é condicionado, ponto assente… O condicionalismo não anula a liberdade, faz parte de nós, mas também dificulta a transformarmo-nos no que somos e a assumi-lo. O modo como representamos as coisas depende de nós próprios, acima disso está a decisão livre, decisão de conferir sentido e, não há qualquer sentido em esmagar a individualidade do ser humano em nome do senso da unidade grupal e solidária, do envolvimento de todos de acordo com as suas habilidades, do estímulo à partilha e à confiança, do fortalecimento perseverante frente às dificuldades, do reforço dos conceitos de nível auto como a auto-estima e auto-aceitação, da criação de pontes com as pessoas, até ao encontro do caminho pessoal para se crescer e expandir. Tantas etapas e nunca nos haviamos encontrado, tirado impressões. Os objectivos destes joguinhos para unir o grupo desde o início da “sessão” são uma tremenda decepção. No meu caso, não memorizei o nome dos colegas, não criei empatia, não me soltei, nem me descontrai e não superei reservas pessoais. Seria contraproducente realçar uma atitude de exibicionismo da diferença se, o paradigma, é sermos variavelmente diferentes. Diferentes do ponto visto genético que se edifica com a nossa exogamia, diferentes face a uma variedade cultural, linguista e ambiental e, ainda, a consciência, o meio pelo qual nos podemos conhecer e modificar. Tudo isto é correcto, basicamente somos, ou podemos ser, imprevisíveis. A decepção começa com a vivência em grupo, em comunidade organizada cuja prioridade é tornarmo-nos previsíveis uns para os outros, ordenados enfadonhos, sem liberdade de nos modificarmos e, isto, nem sequer coloca o respeito pelo outro em causa. Para quebrar o gelo, em qualquer situação, basta cubos de gelo, bourbon, frases soltas, boa literatura, música e conversas em forma de cereja como acesso ao outro.

quarta-feira, outubro 31, 2007

terça-feira, outubro 30, 2007

Get back to the simple life in Lisbon

Ontem ouvi involuntariamente os planos de uma sexagenária dos arredores de Lisboa numa manhã de Segunda-Feira: “acordamos cedo e vamos tomar café ao Largo do Rato por 40 cêntimos”. Procuram-se promoções para Terça-Feira.

domingo, outubro 28, 2007

Ordinary People

Uma parte da vida é preenchida pelo ritmo de idas e vindas ao corredor da memória. Recordações vivas, lembranças que permanecem, memórias esquivas, reminiscências perdidas, rememorações que doem, fantasmas, momentos de outrora, ensejos afortunados, um passado que se restaura ou se esquece. O Skarabej é um site bizarro que acolhe o "Museu Online de Velhas Fotografias de Família". O propósito é publicar fotografias antigas encontradas no lixo, na rua, no sótão ou na cave de casas abandonadas, principalmente na região da antiga Jugoslávia mas, que contempla vários países. Skarabej deseja criar um arquivo de memórias de pessoas desconhecidas, revivendo a máxima "porque todos estamos fadados a cair no esquecimento um dia". Interessante para todos os amantes de fotografia, colectores de antiguidades e respigadores de memórias.

A Sombra Sou Eu

Fading, Sylvia Ji
A minha sombra sou eu,
ela não me segue,
eu estou na minha sombra
e não vou em mim.
Sombra de mim que recebo a luz,
sombra atrelada ao que eu nasci,
distância imutável de minha sombra a mim,
toco-me e não me atinjo,
só sei do que seria
se de minha sombra chegasse a mim.
Passa-se tudo em seguir-me
e finjo que sou eu que sigo,
finjo que sou eu que vou
e não me persigo.
Faço por confundir a minha sombra comigo:
estou sempre às portas da vida,
sempre sempre às portas de mim!

José de Almada Negreiros

Brechas da Democracia

O convite do PSD à regionalização é uma provocação efectiva, será que estarão doidos? A megalomania urge, o comando da U.E. está no auge, e o P.M. de qualidades desconhecidas procura os efeitos da sua acção, a sua fama exterior que depende de uma Europa obscura que vive em estado de renovação desde Napoleão, que experimenta e quebra, de tensão colectiva, de ritmos diferentes que opta agora substituir a visão táctica pela estratégica, de interesses económicos, de expansionismo competitivo, adversária submissa dos E.U.A e de epistemes.
Não chateiem com o arrumar da casa por cá! Querem causar mais brainstormings ao Governo socialista como a diminuição da oferta do Serviço Nacional de Saúde, e a remodelação, perdão, o fecho da rede de escolas desconcentradas? A opção quanto à Regionalização passa por uma politica de prudência contundente até à próxima legislatura, reporta-se a estancar o conflito institucional regiões versus governo, e manter ao longe, bem longe, a participação do cidadão.

Alô, Alô...


Concluída uma investigação exaustiva, o Cabeças com Asas em primeira-mão sob a alçada da canhota da Nevrótica Aluada encontrou um dos telefones sob escuta de Pinto Monteiro (PGR). Efectivamente este telefone faz barulhinhos esquisitos, tem uns fuminhos estranhos, do outro lado consegue-se ouvir uma voz e, só aceita ser discado por uma caneta bic laranja ou bic cristal.

Oh Petrovsky, let me tell you, you are a naughty, naughty boy!

A comitiva de Pútin é tão nacionalista pragmática e conservadora que molha a colher fora de casa com as meninas da terra pátria. A partir de agora a coacção sob a Rússia passa por: se qualquer acordo não for desbloqueado, avançado e assinado não há showzinho!!!

terça-feira, outubro 23, 2007

A Excelência da Obsessão pelo Sucesso Não Duradouro

Ser pessimista é um estado que cansa e mói a imaginação. O pessimista tem o poder de contágio e de desencadear fenómenos de grupo. Alguns questionam a minha não dedicação às “obras” de Luís Miguel Rocha, a minha não disposição em reputar a atitude do escritor de miolo vazio, de “literatura” espaventosa como tinha feito no passado. Pois bem, a resposta surge com apelo ao estado cínico, e não pessimista! No estado cínico não se tem ilusões, impera a astúcia e a faculdade de ser paciente que incide na pura ficção idolatrada pelo Rocha. O seu discurso afinal, entra mais uma vez em contradição, porque a coisa parece que não é bem ficção, estando apinhada de factos, em que um belo dia, uma gaja acorda e estão comprovados! Nesse dia reza-se para que surjam crachás com a cara do estimado escritor e cante-se o hino nacional.
Devo dizer que o Rocha ganha o mérito de ser o homem do marketing, aquele que se coloca no lugar do consumidor, não do leitor, identifica-se com ele, vive a sua vida, as suas questões, os seus problemas e imagina o que lhe pode ser útil, o que pode vir a ser o seu subterfúgio à condição perpétua e pecaminosa de espírito inferior que nada sabe e tudo quer, senão mesmo o alívio dessa condição. Ao lermos as criticas literárias relativas ao Bala Santa o oportunismo é claro e, a pretensão encoberta, adivinhem do quê, de repor a verdade e nada mais que a verdade sobre o atentado de João Paulo II. A atitude não mudou do seu primeiro livro para o segundo, ele sabe que no reino das criaturas desconfiadas, pecadoras angustiadas, do medo e da busca pela salvação são indicadores e pretextos perfeitos para se ultrajar conspirações que não ofendem mas, que limitam a lógica, a perspicácia psicológica, o saber acumulado e a observação perpétua da vida que é vivida. Nenhuma “Bala” pode furar o intelecto se essa for a TUA vontade.

segunda-feira, outubro 22, 2007

Em Nota...

A circunstância é para esperar até ao momento em que se assiste no cinema a habitual parceria entre Tim Burton e Johnny Deep com Sweeney Todd, um thriller musical cheio de acção e emoção, onde um barbeiro (Deep) expulso de Londres e afastado da família, planeia o seu regresso à cidade para a efectiva e esperada revanche. O elenco é composto pela carismática Helena Bonham Carter e Sacha Baron Cohen, conhecido por Borat. Por cá o filme só deve chegar em meados de 2008, entretanto aqui fica o trailer e o site oficial de Sweeney Todd.


"Do Camandro"

Através da tecnologia, hoje sabe-se que afinal Tutankamon morreu pela consequência de ter faltado ao exame de carta de caçador.

domingo, outubro 21, 2007

Fetish

Ao colocar os olhos nas fashion news, reparei que no início de Outubro foi inaugurada a exposição Fetish, na Galerie du Passage, em Paris. A exposição resulta da colaboração entre o designer de sapatos Christian Louboutin e o diretor de cinema de culto David Lynch. A parceria surgiu depois de uma exposição de Lynch na Fundação Cartier e uma encomenda de sapatos feita a Louboutin. Nas palavras do próprio designer: "David had a big exhibition at the Fondation Cartier in March and he asked me to do some shoes for it. Out of that, I thought of asking him to do some photographs for me—he’s my favorite director. I said, “I’m thinking of designing fetish shoes for you,” and he didn’t let me finish my sentence. He said yes right away." Remeto à vossa contemplação algumas fotos de Lynch.


Zona Livre

Parece que os anéis, as pulseiras, os lenços, o chá de menta e o haxixe vão ficar mais baratos...

Provocador

Desde o mês passado encontra-se nas livrarias a edição portuguesa da obra de Michel Onfray, Tratado de Ateologia com o cunho das Edições Asa. Brilhante, lúcido e um auxiliar indispensável para as cabeças ganharem asas e começarem a elaborar juízo crítico.
«Não se mata um sopro, um vento, um odor, não se mata um sonho, uma aspiração. Deus fabricado pelos mortais à sua imagem, hipostasiada, não existe senão para tornar a vida quotidiana possível, apesar do trajecto de cada um em direcção ao nada. Enquanto os homens tiverem de morrer, uma parte deles não suportará essa ideia e inventará subterfúgios. Não se assassina um subterfúgio, não podemos matá-lo. É ele que nos mata: Deus mata tudo o que lhe resiste. Num primeiro momento a Razão, a Inteligência, o Espírito Crítico. O resto sucede-se por reacção em cadeia...
O último dos deuses desaparecerá com o último dos homens. E com ele a crença, o medo, a angústia, essas máquinas de criar divindades. O terror perante o vazio, a incapacidade de integrar a morte como um processo natural, inevitável, com o qual é necessário formar um todo, perante o qual só a inteligência poderá produzir efeitos, e negá-los também, a ausência de sentido para lá daquele que atribuímos, o absurdo a priori, eis os raios geneológicos do divino. A morte de Deus supõe a domesticação do nada.»
...
«A missa dominical nunca primou como momento de reflexão, de análise, de cultura e de saber difundido e trocado, e quanto ao catecismo, muito menos. O mesmo se passa nas outras religiões monoteístas. Quer nas orações junto do Muro das lamentações ou nas Cinco Ocasiões diárias dos muçulmanos ora-se, pratica-se as invocações, exerce-se a memória, mas nunca a inteligência»


Gracious

Gabriel García Márquez comemora hoje 25 anos do Prémio Nobel de Literatura
...

Com ou sem rótulos de veterana estadista do feminismo, romancista de idéias e idealismo, Doris Lessing é das poucas escritoras que escreve para si mesma e, evidência de modo sapiente o espírito da contradição.

Regressos

Subsistem sons extraordinários por onde as ideias e as comoções orbitam. Sons criados por homens que nos são especiais. O arrastamento ficou pendente até um próximo encontro no CCB.

Apesar de um Verão amplificado, deixo este pedacinho sublime - September, David Sylvian (duplo click para ouvir) do álbum Secrets of the Beehive. É sempre bom voltar a ter Setembro sobre o coração...

Estava Tudo Imprevisto...

And You Say, Stella Im Hulberg

Ok, ok… admito que ando a negligenciar este espaço, não existem quaisquer regras de assiduidade, nem sequer aprioris sobre tudo e sobre nada, nem desculpas para este abandono, uma vez que, o amor ao próximo, o bem-estar e a qualidade de vida legitimam todas as condutas, todos os princípios, todos os debates, todas as guerras. Mas, no Cabeças com Asas o essencial é o tempo para viver, os sentidos, prazer, encantos de amora, homens e mulheres sapientes, belos, espaços comuns, lugares incontaminados e a música. Tudo o resto podia desaparecer.

quinta-feira, setembro 27, 2007

Preto e Branco

Considero saudável estar só na maior parte do tempo. Estar acompanhado, mesmo pelos melhores, cedo se torna enfadonho e dispersivo. Adoro estar só. Nunca encontrei um companheiro tão sociável como a solidão. Estamos geralmente mais sós quando viajamos com outros homens do que quando permanecemos nos nossos aposentos. Um homem quando pensa ou trabalha está sempre só, deixai-o pois estar onde ele deseja. A solidão não é medida pelas milhas do espaço que separam um homem e os seus congéneres. O estudante verdadeiramente diligente de um dos enxames da Universidade de Cambridge está tão solitário como um derviche no deserto. O agricultor pode trabalhar sozinho no campo ou nos bosques durante todo o dia, mondando ou podando, e não se sentir solitário porque está ocupado; mas quando chega a casa, à noite, não consegue sentar-se numa sala sozinho à mercê dos seus pensamentos. Tem que ir onde possa «estar com pessoas», distrair-se e ser compensado pela solidão do seu dia; e, assim, interroga-se como pode o estudante estar só em casa durante toda a noite e grande parte do dia sem se aborrecer ou sentir-se deprimido. Mas ele não entende que o estudante, se bem que em casa, ainda está a trabalhar no seu campo, a podar os seus bosques, tal como o agricultor o faz nos seus e que, por seu turno, procura a mesma diversão e companhia que este, embora eventualmente de uma forma mais condensada.
Ouvi falar de um homem perdido na floresta e a morrer de fome e exaustão ao pé de uma árvore e cuja solidão era aliviada pelas visões grotescas com que, devido à fraqueza física, a sua imaginação doente o rodeava, e que ele acreditava serem reais. Assim também, graças à saúde e à força física e mental, podemos sentir-nos continuamente animados por uma companhia semelhante, se bem que mais normal e natural, e chegarmos à conclusão de que nunca estamos sós.
Henry David Thoreau

terça-feira, setembro 18, 2007

E Tinha Que Ser...

Em efeito voyeur pelas notícias dos últimos dias e pelos factos passados, voltamos a certas premissas primitivas beneficiárias. A lei só se conhece quando determinadas individualidades a infringem, por causa disso, é visível que quem detém o poder legislativo se obstem em “guilhotinar” culpados, afinal, a liberdade de alguns permite facilitar a abordagem ou, o encobrimento, de determinados problemas. Os circuitos controlam-se.

domingo, setembro 16, 2007

Para Que Servem os Direitos?


A democracia resumindo-se a um sistema de cotas sociais, é proveitosa para a corja ruinosa instalada nas nossas instituições públicas. Cretinice absoluta é diminuir a autonomia dos cidadãos portadores de deficiência, à luz de ideias bombásticas para a extorsão de direitos de quem não se encontra integrado, de forma ajustada, a uma sociedade que se baseia por padrões de normalidade aberracionais. Havendo um aumento da dificuldade em obter-se a isenção de imposto automóvel aos cidadãos portadores de deficiência motora, onde é preciso uma junta médica para determinar o grau elevado de deficiência, também é preciso uma junta médica para averiguar e caracterizar o grau elevado de lorpice dos detentores de cargos políticos pois, o pressuposto de idiotismo é um ponto assente e observável. Assim, caso o sujeito atingisse o escalão elevado, o que seria a maioria absoluta eleita, havia que prosseguir-se uma alteração ao estatuto remuneratório dos titulares de cargos políticos e, a uma isenção total das mordomias, favoráveis ao dispêndio dos cofres do Estado.

Agitar Fantasmas



A pachorra para projectos musicais a dois, do tipo João Pedro Pais com a pardaloca da Mafalda Veiga, estica-se para um inclassificável projecto a três entre Sócrates, Marques Mendes e Menezes numa cover inédita do “quem me leva os meus fantasmas” de Pedro Abrunhosa. Na minha opinião o refrão encontra-se muitíssimo bem distribuído pelos três artistas cantadeiros, ora reparem:

Here Comes Siouxsie Sioux

Certíssimo é o meu Domingo ser marcado com o regresso da belíssima Siouxsie Sioux e o seu primeiro álbum a solo intitulado Mantaray. Desejo que inclua Portugal na sua digressão!

sexta-feira, setembro 14, 2007

ༀམནིཔདྨེཧཱུྃ

É desconcertante a Sua Santidade não pedir uma audiência com o PR, ou seja, o próprio Dalai Lama não deposita qualquer espécie de fé em Cavaco Silva. Porém, não causa espanto se tivermos em conta os ensinamentos de Dalai Lama: "fale a verdade, seja ela qual for, clara e objectivamente, usando um toque de voz tranquilo e agradável, liberto de qualquer preconceito ou hostilidade."

Vida de Cão

Canito apanhado na A8 em direcção às Caldas da Rainha
A devoção por sentenças de carácter prático e popular deviam ser revistas. O Cabeças com Asas propõe novas alterações na arte proverbial:
Cão que ladra conduz
Cão de raça não anda a pé
Cu de Cão e nariz de gente, anda tremido
Preso por ter carro e preso por não ter cão
Livra-te do homem que não fala e do cão que não conduz
Tanto vai o cão ao volante que um dia lá deixa o focinho
Os cães ladram e a carro passa

quarta-feira, setembro 12, 2007

Sucessões...

O poder corrompe o homem, o casal McCann corrompe a polícia, corpos diplomáticos, imprensa e o Papa, Moitas Flores corrompe a Câmara Municipal de Santarém, psicólogas bonitas e jovens corrompem a inteligência, José Miguel Júdice e Henrique Monteiro corromperam os meus ouvidos!

Criaturas Transgênicas

Juntamente com a poluição novelística produzida pelos meios de comunicação aconselha-se a elaborarem um break-time. Já sinto uma certa nostalgia dos janados do grupo activista “Verde Eufémia”, insiram umas news dos gajos pá! É com alguma frequência que a tentativa de servir a comunidade se revela tão fracassada.

We Don’t Need Classroom! We Don’t Need Teachers!

Fiona Hewitt
Parece que hoje foi o dia da pequenada começar a azáfama escolar. Consegui apurar as exigências ao nível do material para uma aprendizagem que vem reforçar as necessidades educativas dos alunos, evidentemente, com a qualidade e prestígio da União Europeia.

Geração Hi-Tech
Lista de Material para o Ano Lectivo 2007-2008
- Portátil Fujitsu Siemens – AMILO Pró V3515 Edition
Monitor 15,4
Processador Pentium Dual Core 1,86 GHz
Memória 1 GB; disco 80G; DVD Writer Wi-Fi
Sistema operativo Vista Premium
Office 2007 Standard; Em Português

- Placa ZTE USB
Banda Larga 3,6

- Pen Drive com o mínimo de 1GB

- Mini Rato Óptico de Interface USB com Sensor de 800 dpi, 2 botões e roda de deslizamento

- Mochila de transporte em nylon para portáteis

- 2 tinteiros a preto e a cor

- Pen translator

- Background da fotografia do Primeiro-Ministro

Literatura Sob o Sol Nascente


Num cenário diferente do estoiro literário pelo romance histórico, chega-nos Ormuz de Miguel de Cours Magalhães, editado pela Planeta Editora. Trata-se da saga heróica de Freyre de Andrade na Arábia, Pérsia e Índia, a viagem inesquecível pela Ásia de 1600 e o culminar da queda do império português no oriente.
Uma obra literária fruto de um intelecto inebriado por factos históricos pouco revelados, repleta de suspense, que fala de estratégia militar e que reúne condicionantes políticas e culturais que se esbatem no panorama civilizacional dos nossos dias, bem como, arrasta-nos para batalhas épicas, lendas e paixão. Ormuz foi a cidade mais importante do golfo Pérsico e a chave do comércio marítimo entre a Arábia, a Pérsia e a Índia. Os seus palácios e casas de habitação em nada ficavam a dever aos da Europa. As suas ruas eram numerosas e nelas proliferavam as lojas e os mercados, onde se podiam encontrar todos os produtos do Oriente, desde os mais modestos, como as tâmaras e os limões, até aos mais sumptuosos, como as pérolas de Barém, os cavalos e as tapeçarias da Pérsia ou as sedas e as porcelanas da China.
O autor segue a esteira de Fernão Mendes Pinto, superando-o na translucidez do enredo, pelo vislumbre superior que surge pelo estudo e reminiscência do espírito lusitano. A ilustração e os detalhes gráficos que acompanham o livro tornam-no majestoso.

Entusiasmos Campestres

O triunfo de Baco, Velázquez

Em atitude expia é inútil apenas o PCP e o Bloco de Esquerda manterem os seus comícios nas barraquinhas das feiras solarengas que se realizam nas terras deste país. Todos os partidos políticos representados na Assembleia da República, deveriam gozar da mesma capacidade de logística e de resposta e, terem a sua representatividade numa barraquinha da feira animada pelo som, de um músico popular que desconheço mas, que ouvi: “se queres beijá-la, se ela gosta, dá-lhe agora que ela está de costas”. De facto, esta forte filosofia anal remixadas com as balelas do Bloco e do PCP, para além de sair um som todo quitado é, sem dúvida, o reflexo honesto do desejo nacional em se deixar enrabar. O útil destes ajuntamentos passa pela natureza ser infinita, e existem sempre umas tasquinhas porreiraças com vinho do lavrador.

O Bom Filho ao Blogue Retorna!

The Veil, Mark Tansey

Sem moderações, com ponderações em mente, a ordem social assenta sobre a resignação dos desventurados, sem chaves da casa do Senhor, sem um portátil com a chancela socrateneana e, sem deter a bomba de vácuo russa, insulte-se o meu regresso ao Cabeças com Asas. A celebração da minha ausência está terminada. A desforra enceta-se…

domingo, maio 13, 2007

Catolicismo Pouco Católico

Ora aqui está uma boa notícia! A espiritualidade precisa de ser institucional? de hierarquias? I don't think so...

Beltane

Recuando ao primeiro de Maio…

Eu Por Cá

Allan Bateman
Esta minha inactividade deve-se aos meus caprichos de estar a borrifar-me para tudo, para o mundo em geral e arredores, a isto chama-se desmotivação. Deve-se ainda à minha formação à bolonhesa que se propicia como uma forte aventura enquanto operadora de caixa de um mini-preço qualquer em que o lema é fazer piiii!!!

domingo, abril 29, 2007

Onde Está o Wally Vermelho?

Chavez afirma e a maltazorra acredita! Pergunto: onde estão as provas do congelamento do corpo de Fidel Castro que comprovam o seu aparecimento após 9 meses exclusão pública?

Polyphonie Sauvage

Inverti o caminho e perdi-me nos anos 80 ao relembrar-me de uma banda originária de Glasgow com o seu álbum estrondoso intitulado Love, em 1987. Eles são os Aztec Camera com Somewhere in My Heart.

Regabofe do e no Jardim

Até era gaja para me armar em neófita e aderir ao PND (Partido da Nova Demagogia) todavia, creio que Manuel Monteiro pensa que pensa, não é um defeito, como Oscar Wilde dizia: "cínico é o indivíduo que sabe o preço de tudo e o valor de nada".

Watching Alice

Resolvi desanexar-me da realidade por momentos ou não…

Entre viver e sonhar
Há qualquer coisa mais.
Advinhem o quê.
Antonio Machado

quarta-feira, abril 25, 2007

Questionação e Busca Constante


O portugal futuro é um país
aonde o puro pássaro é possível
e sobre o leito negro do asfalto da estrada
as profundas crianças desenharão a giz
esse peixe da infância que vem na enxurrada
e me parece que se chama sável
Mas desenhem elas o que desenharem
é essa a forma do meu país
e chamem elas o que lhe chamarem
portugal será e lá serei feliz
Poderá ser pequeno como este
ter a oeste o mar e a espanha a leste
tudo nele será novo desde os ramos à raiz
À sombra dos plátanos as crianças dançarão
e na avenida que houver à beira-mar
pode o tempo mudar será verão
Gostaria de ouvir as horas do relógio da matriz
mas isso era o passado e podia ser duro
edificar sobre ele o portugal futuro
Ruy Belo, Homem de Palavra(s) (1970)