De aparência cansada, de rugas que se alastram, de mãos reveladas a negro num corpo pesado pela ruína, trajado a camisa de flanela, solitário, critico político ao abrigo de uma voz tremida que canta um fado desgarrado que relembra amores, de como ficamos desorganizados, como nos libertamos do escuro, num quadro sem dia e sem noite. O homem sente sob os olhos dos inquisidores desacertados. Pele café, pele gretada, um andar desajeitado que rompe os passos exactos e seguros dos outros, promessas de verões e a densidade de uma voz que se alastra pelos corredores, um eco de alma em tafetá, um fado sem público que mais parece espantar as agruras de uma vida que não se adivinha fácil. A mulher sente sob os olhos dos ortodoxos conspurcados. Dizem que são os loucos da linha azul do metro.
quarta-feira, novembro 07, 2007
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