domingo, janeiro 28, 2007

Polyphonie Sauvage

Lá fora a chuva, as horas que agonizam, instala-se o frio e o vento ao largo num movimento, Neo-Clássico/Etéreo e Neo-Medieval, devolvido pelos italianos Ataraxia aliados aos Autunna et sa Rose, que junta o material dos seus primeiros três álbuns, num projecto digipack intitulado Odos Eis Ouranon - La Via Verso il Cielo.
Trata-se de um álbum de 2005, ao vivo, na Igreja de St. Michele, em Rodvigo, que é trazido pela mão da distribuidora portuguesa Equilibrium Music.

Por rubores múltiplos, em registos lentos, profundos, por reflexos misteriosos da condição do homem, por ciclos de nascimento, criação, declínio, morte, descanso, e o renascimento de todas as coisas, por contornos distintos e livres que apenas nos rendem à melhoria, a música será o nosso guia.

No Cabeças com Asas gira: Ophélie, Ataraxia. Faça duplo click e oiça: Les Tisseuses Lunaires, Ataraxia; Caresses aux Coeurs, Autunna et sa Rose.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Despenalização do Aborto = Banalização da ....?

Em conversas madrugadoras com um amigo homossexual, questionei-o acerca da despenalização do aborto. O bicho considerou que é desesperante e denota uma certa torpeza a forma como a sociedade está a lidar com o referendo do próximo dia 11 de Fevereiro, face às perspectivas encavalitadas, e pouco instruídas que são dinamizadas pelos meios de comunicação. Acrescentou também, que os heterossexuais não estavam a alcançar de todo o âmago da controvérsia que se centra, tanto no antecedente, como no consequente, visto que, as coisas quando são observadas à lupa parecem sempre um pouco maior do que aquilo que são e, a questão, passa simplesmente pela banalização da foda.
Sem reservas, multiplicou-se uma série de dúvidas patrocinadas por Jack Daniels que atacava os meus neurónios menos aptos da minha adorada mente megalomaníaca. Se estamos perante um problema de banalização da foda eu pergunto: será que devemos legalizar e legitimar o direito à foda banal? Será a foda banal uma irresponsabilidade? Um desenvolvimento moral fungoso de um estádio 5 não superado? Um direito do maior interesse cívico? Um dever de todo o cidadão nacional? Será a foda banal uma forma de liberdade de expressão artística? Por uma dezena de fodas banais por dia, a mulher deve ser considerada uma devassa? Será constituída arguida? É uma questão de vandalismo e ausência de dignidade sobre o corpo humano? Será uma questão de egoísmo? Deus ficará chateado connosco? A foda banal norteia-se por alguma espécie de ética e valores? É um tipo de influência social? Portugal reúne as condições psico-sociais e as infra-estruturas necessárias para a banalização da foda? Não terão os portugueses de ir dar fodas banais a Espanha? Ou dá-las em escapadinhas esconde-esconde sob uma configuração reprimida? O 25 de Abril proclamava o direito à liberdade e garantia da foda banal? Deve ser comparticipada pelo sistema nacional de saúde? Os adolescentes devem ter acções de planeamento familiar sobre a foda banal? A instrução pedagógica nas escolas portuguesas de como dar uma foda banal correctamente deve ser aprovada? A intrução deve ser dada em inglês aos discentes? Pois...
A realidade das ruas tem uma ressonância curiosa sob ângulos freudianos e primitivos, muitas das acções humanas têm um carácter fálico, e com ou sem despenalização, o facto é que uma mulher “fá-lo-á”.

Ela Nunca É Facilmente Esquecida


Existem fêmeas de esquerda que são uma espécie de filisteu camuflado. Elas parecem ser adeptas de ideias mas, não se deixem enganar por esta espécie mal parida... são senhoras de propostas práticas incutidas por uma acção racional weberiana, em que a relação por um certo objectivo é determinada por expectativas no comportamento tanto dos objectos do mundo exterior, como dos outros homens, e utiliza essas expectativas como condições ou meios para alcançar fins próprios racionalmente avaliados e perseguidos, que possam ser contabilizados em melhorias para a sua vida pessoal. Este é o retrato epistemológico de uma fêmea emancipada de esquerda, como a senhora eurodeputada Ana Gomes, que se transacciona entre dádivas comunitárias e o show imundo da imprensa.
Os voos da CIA é um facto político e social de interesse porém, a nossa pequena pátria não tem uma linha 0800 com os E.U.A.. Parece que estes são os resultados e segredos de vivermos em democracia amordaçada num auditório economicista.

domingo, janeiro 21, 2007

Hey Honey Take a Walk on the Dark Side

The Chez Girls é um documentário fotográfico de Ondine Whitman sobre um peculiar grupo de strippers de Tenderloin, as esclavagistas da noir culture, da mera sobrevivência, encostadas à morte, às recompensas gastas, aos distúrbios da alma e às parafilias malvistas. A vida resumindo-se a uma mera confirmação fodida, a uma doença sexual transmisível, a um prazer em território de machos é uma ferida sinistra em linhas rectas que se cruzam. O post é dedicado ao meu amigo T..

" Karen was the smart one, always watching her back. She looked like she'd been around the block - a lot.
It was always business with Karen. Even when she was blow drying her hair - you could see her mind busy with calculations of the days revenue. She was charming in a crude sort of way.
I asked her once how she ended up in this particular dive. She was no beginner and I figured that with her 'abilities' she'd be in a better place by now. She gave me a thumbnail. . .What I can piece together is that she was a madame, had a good amount of girls under her, was doing well for herself, got busted and did some time.
I watched her calculated dances and her practiced come-ons and wondered if she would again turn Trick to Trade."




"Jezebel is probably the strongest woman I've met. I'd watch the coldness in her eyes as she stared at her own naked body in a mirror while she danced and then feel the suffocating warmth of her voice when she talked about her dying son.
Jezebel began dancing three nights a week and every other weekend when she found out her seven-year-old son had a brain tumor. Within weeks the tumor had spread. He was in and out of hospitals every couple of days.
One day you're an accountant, at a desk all day, phone calls, lunch breaks, errands, carpools. The next you're given a $20 bill to sit on a man, press against him, hold him, touch him - until he gets off. Trip."


"Casey was sick. Not take some Nyqil and weed kinda sick. More like, cough so much your throat bleeds, so weak you can barely climb the stairs up to the stage.
It was rumored she had AIDS, all anyone knew for sure was how hard she worked. She was at the club every morning and she closed the place every night. When things were slow she'd serve drinks for extra tips.
She told me how much she loved Marilyn Monroe, how she was so beautiful and talented. It was sad to watch Casey dance, sad to watch her drag her lifeless body across the floor, touch herself - not to be sexy but to keep from having to move too much. And the coughing, coughing on stage for minutes at a time. Most men would move to the back of the room, too ashamed and scared.
All this so she could get insurance to cover some of the medical bills.
You can only get the insurance if you're unemployed, and you can only survive if you have an income. So there you are getting paid under the table at a strip joint, just to stay alive."



"Daria was a night girl , which meant Friday and Saturday nights, bigger crowds, drunker men, more competition. This is the time when all the younger/hotter girls came out of hiding. When I first saw Daria, I didn't think much, until I saw her dance.
She came out on stage to "Jungle Boogie", and danced so fiercely that people were held paralyzed in their seats. She danced like she had something to prove.
By the second song she'd done away with her dress and wig. Now she just looked mean - but in a sexy, fetish sort of way.
Out of all the dancers she semed to have the most fun. Flirting with every guy, staring people right in the eye. She was not shy and she was not graceful. She was the perfect Punk Rock stripper."






"The first time I shot strippers, I wasn't sure what to do. This wan't a headshot/fashion shoot. I didn't just want to take some pictures - I wanted to change the world. Show that it means something different to each of us - to survive.
When I came face to face with strippers for the first time - I was shocked - none of them looked like airbrushed Barbie Dolls. They looked so real.
I got Lena and Mona on stage - the owner gives me one last set of instructions, "Make 'um hot."
Christ, could I have gone in a worse direction?? Two girls, lips to necks, hands on asses, lips and tounges, legs intertwined. B grade porn at best. What was I doing, these women were more then this - but I couldn't get past the obvious."

A Liberdade da Neurose Por um Ideal

O Português, George Braque

Entrei numa livraria. Pus-me a contar os livros que há para ler e os anos que terei de vida. Não chegam, não duro nem para metade da livraria.
Deve certamente haver outras maneiras de se salvar uma pessoa, senão estou perdido.
No entanto, as pessoas que entravam na livraria estavam todas muito bem vestidas de quem precisa salvar-se.
Quando eu nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, só faltava uma coisa - salvar a humanidade.

Almada Negreiros

segunda-feira, janeiro 15, 2007

A Bandeirinha Que Está No Topo da Montanha


O Processo de Bolonha também não conseguiu converter a idiotice das criaturas do género sexual feminino, que são finalistas de uma licenciatura armadilhada, supostamente de quatro anos, e que andam em bicos de pés, em extremo high spirit, numa domesticação genial de doutores, de fábricas do saber que experimentam uma arrogância explosiva. Claramente estamos perante um vírus potentíssimo que vagueia por qualquer anfiteatro, aloja-se pelo cu acima, e uma vez alojado, não há nada a fazer!
O povo Moderno causa-me repugnância e desprezo. Estimo todos aqueles que ousam ter a paciência de ver a vida pelo olhar da derrota, e pelo saber esperar do momento que nunca se julga certo. Pois todos esses chegam por si mesmos…

domingo, janeiro 14, 2007

O Apocalipse Literário

Foto Montagem realizada por X

Se Karl Marx teorizou uma economia para o fetiche, a minha aparente obsessão é uma teorização da literatura para o fetiche. Lembram-se do Rocha?
Pois bem, pelas ondas radiofónicas o Luís Miguel Rocha, o autor de “O Último Papa”, que vive da escrita, é um protegido do Vaticano, e assume que tem uma espécie de pacto. À luz da teoria da conspiração, apercebi-me que o Vaticano é o símbolo e a imagem da Besta, e o “escritor” Rocha, um dos sete cavaleiros do Apocalipse, visto que, aos olhos da divindade, a actividade de um presunçoso está efectivamente pactuada com a Besta. O Juízo Final neste mundo pequeno do mercado literário português, é uma espécie de bipolarização anedótica. O estado maníaco é inerente a um beltrano, de sucesso internacional supostamente, que promete em linguagem profética um segundo livro arrebatador que leva ao terminus do pacto com a Igreja, e ao arrependimento amargurado do seu silêncio e obscurantismo dos cabecilhas que rolam em torno de um squash celestial. O estado depressivo, é o zunzum que se instala, da possibilidade mórbida do Rocha, numa alucinação de novo Messias das trevas, implementar uma editora literária ou gargantas-fundas bígamos on action. Este é o sinal olímpico que encontro para o arrependimento dos pecados que não cometo.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Poesia Espontânea

Devido a um momento junguiano, o acaso transformou-se numa reparação relativa ao lançamento do último livro intitulado Palavra Passe da editora Campo das Letras, que descobri numa navegação cibernética à toa, do escritor português António Ferra com o patrocínio do companheiro Baptista-Bastos.
Considero incrível como a primazia da poesia portuguesa passa por sujeitos que se acham o expoente da contemporaneidade lusa num movimento que se aspira ao culturalíssimo egoíco, em que as emoções são a justificação perfeita para a desordem da língua portuguesa, para a evocação intuitiva entre a agitação versus o equilíbrio, e a fantasia de uma posteridade simbólica entre os poetas e artistas do seu tempo. É que há uns tempos o senhor professor escritor não sabia se contra-senso era com “tracinho” ou sem “tracinho” mas, o traço para a invenção poética é uma tentativa de expressão do je ne veux pas traivailler et je ne veux pas penser. De facto, “desde a poesia ao autoclismo” é uma questão de dobrar a página em quatro, e convêm sempre uma borrifadela floral e o uso do piaçá para os vestígios.

Polyphonie Sauvage

Para vos embalar em pesadelos terríficos, em sobreposições comedidas surreais, trago esta caixinha noir de música, The Tragic Treasury, o último projecto de Stephin Merritt, um rapaz perturbado que conhece bem a densidade humana e a erupção irracional.

Seguem-se registos musicais que suportam «A Series of Unfortunate Events», a obra literária de Lemmy Snicket, ou seja, Daniel Handler num mundo infantil corrosivo em que nada parece o que realmente é, reproduzido pela banda Gothic Archies. Pelo Cabeças com Asas paira, Things Are Not What They Appear.

A Yôga do Mestre Cavaco


O nosso PR, Cavaco Silva, convidou a Índia para investir no Portugal do século XXI, eu acho que sim, aliás deviam abrir restaurantes indianos mais tradicionalistas, com a ausência de empregados brasileiros, com bailarinas estonteantes a invocarem a Deusa Parvati, e que oferecessem como brinde, não calendários com astrologia hindu para 2007 mas, pulseiras e saris de seda acompanhado de uma grade de Cobra e respectivo Kamasutra ilustrado para os gajos se espiritualizarem.
Falando do aspecto literal da realidade, investir em Portugal é para além de uma asnada, uma subtileza de nos remeteram para o título escória cega submissa sob a alçada de cavalheiros detentores de um comando à distância, e bandearem-se para terras abaixo da linha do Equador de gente com pigmentação tostada e dourada.