quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Economia da Defecção

O destino com certeza exerce uma forte influência nas nossas ideias e opiniões, pois juro solenemente, que não recebi dividendos, para estar em concordância com o CDS/PP, numa amplitude de sugestão de demissão daquela gente mercenária socialista incompetente. Tendo um ego-consciência existencialista e literário, recordo que Igor Stranvinsky, defendia os mistérios insondáveis de todos os trabalhos produzidos pelo homem. Afirmou que o dinheiro podia estar “cheio de ilusões, como quando substitui o valor intrínseco de um objecto ou de uma actividade, mas é igualmente um material para ser utilizado, como barro nas mãos de um escultor, para fazer um mundo e sustentar uma comunidade”. Uma frase que nos dias de hoje, é sequiosa de liberdade e autenticidade, uma vez que, o Ministro Manuel Pinho e o governo socialista optam por uma retórica, como sempre, enganadora, redutora, de uma economia de causa-efeito simplisa. Por tudo isto, creio que os salários dos portugueses e os excrementos não são metáforas tão inverosímeis assim. Passo a reflectir, os salários baixos oferecem a oportunidade única e invejável do apertanço ao meio do mês, do acordar às seis da manhã, meter os putos na escola, ir trabalhar, senão for desempregado, do endividamento, dos papos secos e latas de salsichas. Os excrementos fazem-nos voar para as teorias do Antigo Egipto, da fantasia heróica de auto-reprodução de escaravelhos que rolam numa bola de merda e, devido aos poderes mágicos advindos sei lá de onde, parece que se reproduzem imensos escaravelhinhos. Resumindo e baralhando, os salários baixos dos portugueses, em analogia ao resto da Europa, centram-se numa ideia tão antiga como a de grandiosidade e de um atractivo divino de investimento exterior, enquanto que, os excrementos é o que sobra aos portugueses. Ou seja, a cada português compete o ter de treinar a sua defecção, sem recorrerem aos iogurtes bifidus activos, na medida em que, é através da formação da vontade do corpo de aprender a reter e a soltar a excrementada, que os portugueses vão aprender a gastar e a poupar o salário medíocre que recebem, tudo isto, numa epopeia egipteniana de reprodução de escaravelhos até ao final do mês. O dinheiro é um objecto que me faz evocar esta ambivalência bipolar. Contudo, o que os antigos nos transmitiram é totalmente ignorado ou desconhecido. Quanto a mim, ainda me parece jeitoso e útil este princípio da obra, Arte e Socialismo, de William Morris, um visionário das artes e ofícios, do grafismo, da literatura, e um dos fundadores do movimento socialista em Inglaterra, “a cada homem disposto a trabalhar deveria ser garantido: em Primeiro lugar, um trabalho honrado e adequado; em Segundo, uma casa saudável e bela; em Terceiro, lazer total para o descanso da mente e do corpo”.

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