A arte é essencial para a alma, e apenas uma sociedade que esqueceu a alma poderá marginalizar a sua arte e os seus artistas. Invertidamente a Fundação Calouste Gulbenkian reuniu a obra de Amadeo de Souza-Cardoso (1887-1917) no contexto de Diálogo de Vanguardas. Uma exposição além técnica, além limites e fronteiras, arte que cura, que educa a expressão imagicional. Cada obra uma inquietude a uma voz única e temperamental.
Se a obra deste português futurista negligenciado rompeu os cânones de representação da arte ocidental, tudo isto parece ser pouco, se considerarmos que a sua obra contínua e evolutiva pertence à esfera do mistério, convocando representações irredutíveis vinculadas à vastidão do significado, à profundidade da experiência do artista e mobilidade circular do seu trabalho que permite uma olhar flexível e uma contemplação emocional aos intérpretes funestos.
A visitar e a revisitar até 17 de Janeiro de 2007.
2 comentários:
Lastimável, é ter sido vaiado e agredido na primeira exposição que fez em Portugal, no Porto, por gente demasiado sensível que se sentiu ofendida pelo autor de obras que não compreendeu e que não encontrou outra forma de se manifestar!...
Depois, no Clube Naval em Lisboa, a exposição foi recebida com incómodo, os críticos não encontraram coragem e, enigmáticos, optaram por torcerem o nariz ao sabor da corrente.
Uma única voz, clara -Almada Negreiros -, proclamou que o artista fora o maior embaixador português do sec.XX nos países em que expôs!...
Entretanto, no espaço de mêses, Amadeu de Souza Cardoso, morreu, e, Portugal, continua na lenta agonia própria de quem tem medo de existir, como defende José Gil, oportuna e implacávelmente (um pouquinho brando... talvez).
A visitar, sempre que possível, o museu com o mesmo nome em Amarante.
Amadeo e Almada, sempre!
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