Sob uma obediência à amizade, há almoços que entre o arroz de pato e o chupar da laranjinha, fala-se exclusivamente sobre sexo: quantas vezes, com quem foi, onde foi, uma garfada no pato salgado, alergias ao látex, “a mim dói-me o retro”, risos tímidos, risos estridentes, formatos e dimensões de vaginas, analogias ao pénis, elegias ao regresso da masturbação, a opressão do orgasmo, o vangloriar assanhado da performance e blowjobs enquanto se escreve ao mesmo tempo no blog político. Entretanto, os dois indivíduos da mesa ao lado olham de soslaio, ora atónitos, ora compreensivos e, pensamentos promíscuos e pornográficos pairam sob as suas cabeçorras. Recorrendo ao disfarce, à fotografia típica de individualidades fascinantes e normaizinhas, um longo silêncio instala-se.
Quando menos se espera surge um desbloquear de conversa gastronómico-atencioso, “mor, vai um pastelinho de bacalhau?” - estende-me o prato com os ditos pastéis e a individualidade sorri de forma marota. A conversa carnal estala novamente pois, quando se é jovem existe uma ânsia de querer sempre mais e, o celibato é uma questão passageira. Já o afecto, o sentimento, o amor é um bicho que se esconde e o prato fica vazio sobre a mesa.
Quando menos se espera surge um desbloquear de conversa gastronómico-atencioso, “mor, vai um pastelinho de bacalhau?” - estende-me o prato com os ditos pastéis e a individualidade sorri de forma marota. A conversa carnal estala novamente pois, quando se é jovem existe uma ânsia de querer sempre mais e, o celibato é uma questão passageira. Já o afecto, o sentimento, o amor é um bicho que se esconde e o prato fica vazio sobre a mesa.
1 comentário:
A culpa, logo à partida, é da hormona! Se bem que difícil... há que compreender e ultrapassar isso.
Que culpa tem a pessoa, que se esforça e esmera em fazer vingar o afecto, quando, dá por si vítima de glândulas traiçoeiras que na sombra, disparam hormonas assassinas de sentimentos elevados em que o amor possa despontar e, impotente assiste ao seu projecto a descambar, rumo a vaginas, pénis, lábios, línguas, rabos e maminhas?! Terá tudo isso a ver com ansiedade?
Estará a produção da hormona relacionada, com o fruto proibido, o que tem estado escondido, o prazer vedado e o pecado? Como e porquê bloquear a feromona? Em que medida poderá a nossa mãe nos ter castrado afectos, quando inocente e cruelmente nos indicou, onde deviamos ou não mexer?! Porque deixa um pai de tomar banho com a filha quando a maminha cresce? Qual a relação entre essa realidade e a quantidade de merda que tem na cabeça? Qual a mensagem recebida pela filha?
Que bichos queremos no prato?
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