sábado, abril 14, 2007

O Meu Suspiro por Buñuel


A Fenda apresenta-nos "O Meu Último Suspiro", a autobiografia do maior surrealista do cinema, o profundo e encantador iconoclasta Luís Buñuel (1900-1983). Além razão, além convenção, o bizarro vagueia na fronteira entre o consciente e o inconsciente, sucedem-se as sobreposições inesperadas e, sob a lupa do realismo, emerge a perturbação incauta. A obra deste surrealista maior, abomina a moral tradicional, crítica todas as espécies de conformismos e a religião. Os seus filmes, que o tornaram o maior realizador surrealista de sempre, são referências obrigatórias deste movimento como: "Um Cão Andaluz” (1928) e a "A Idade do Ouro"(1930), produzidos em colaboração com Salvador Dali. Num registo na óptica do realismo surgiram "As Hurdes – Terra Sem Pão" (1932) e de "Los Olvidados" (1949). Veio mais tarde a assinar uma série de filmes – "Viridiana" (1961), "Tristana" (1970), "O Charme Discreto da Burguesia" (1972), "Este Obscuro Objecto de Desejo" (1977), que repercutem a sua expressão livre, um espírito não isento de anarquismo, a sua rejeição por todas as instituições da sociedade burguesa: a religião, a família, a pátria, a justiça, a educação e a cultura. Em "O Meu Último Suspiro", evoca uma vida longa e multifacetada que atravessa vários países, culturas e circunstâncias como o movimento surrealista, a guerra de Espanha, o universo de Hollywood e os 36 anos de permanência no México, tendo aí realizado 20 dos seus 33 filmes com orçamentos diminutos. A obra recorda figuras como Lorca, Falla, Max Ernst, Chaplin ou Fritz Lang, bem como, por quem foi marcada na sua estadia em Paris, André Breton, Jacques Prévert, Aragon Eluard, Magritte, Antonin Artaud, Miró, Tanguy, e Dali. A presente obra aborda ainda temas como o cinema e a arte, o amor e a morte e é objecto de comentários autocríticos.

1 comentário:

Miguel Domingues disse...

1) Cheguei a este blogue por intermédio de uma ex-colega de trabalho. Está já blincado num dos meus.

2)A edição da Fenda, sendo belíssima, é muito cara e pouco portátil. Há uma edição francesa muito mais barata e, coisa infelizmente rara em Portugal, de bolso.

Obrigado.