sábado, novembro 11, 2006

Intermitências da Lucidez, Cinematografia e um Coelho


Ora bem, a obra saramaguiana vai de vento em popa, em entrevista a José Carlos de Vasconcelos no Jornal de Letras, acerca do último livro As Pequenas Memórias, somos testemunhas da mestria, da eleição cuidada de palavras de José Saramago ao longo da entrevista: “De facto, duvidei se devia ou não tocar em certas coisas. Toquei, está tocado, não sei se fiz bem ou mal.” – no mínimo extasiante.
O Nobel português da Literatura também anunciou que, o Ensaio sobre a Cegueira vai ser adaptado ao cinema pelo realizador brasileiro Fernando Meirelles, e entre o elenco de actores interessados encontram-se, não Diogo Infante, muito menos Rogério Samora mas sim, Brad Pitt!
Igualmente por não estreias cinematográficas, relembro que no passado Luís Miguel Rocha, o “escritor encantado” como designa Filipe d’Avilez na sua crítica da revista Os Meus Livros, afirmou na RTP que O Último Papa seria adaptado ao cinema recheado de estrelas de Hollywood mas, para quando não se sabe... Talvez se trate de uma película caseira produzida pela Saída de Emergência.
Em contrapartida, o Cabeças com Asas converteu-se em espia telepático e entrou em contacto com os pensamentos mais íntimos de Prado Coelho, sobre a adaptação do Ensaio sobre a Cegueira ao cinema, que passamos a transmitir:
Foda-se, manifesto a minha displicência e profunda exacerbação quanto a esse sujeito que andou às voltas com o Memorial do Convento, é sobretudo dilacerante que na minha intermitente memória fui um miúdo sentimental, bem sei que Saramago, em represália deplorada, plagiou o meu sonho secreto de Blimunda nos meus braços a esmiúça-la em registo copulatório letrado. Tal façanha remeteu-me para a prática do onanismo literário. Esse Saramago foi um tipo levado dos diabos! Sob uma capa existencial agónica e impassibilidade no meio capitalista, é sabido que o idealismo comunista foi apenas uma teratologia de segunda infância que desencadeou o estado estuporoso presente nos seus romances, a santidade do clímax é algo raro, e o esfreganço cultural uma miragem. Por sua vez, o meu cognitivismo-masturbatório expresso na minha capacidade intelectual diante da possessão metafórica sádica, do masoquismo na temática cinematográfica, investido em excitação neuronal isenta de ejaculação literária, é de todo irrazoável, inconcebível em não optarem por Beatriz Batarda como protagonista ideal para o Ensaio sobre a Cegueira, Blindness, bastava somente virá-la ao contrário e já tinha bigode.

2 comentários:

Anónimo disse...

Imensamente nevrótico este post. O Saramago mostrou no Ensaio Sobre a Cegueira que é um grande escritor.Ponto final.

travis disse...

Saramago devia escrever como fala, ou seja, com a pontuação nos sítios correctos (se bem que eu não seja um exemplo dessa correcção). No outro dia alguém perguntava, num bom estilo retórico, porque é que não se lia em Portugal. A resposta surgiu de um esclarecido do fundo da sala: os livros portugueses são chatos e os escritores uma merda.
Nunca tinha posto ninguém na rua por ter razão.
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